Friday, May 12, 2006

It´s all over now baby blue.

Obrigado pela gostosa companhia deste mês pessoal. Até a próxima e boa sorte com suas carreiras. Abraços!

Wednesday, May 03, 2006

Companheira inseparável

Ninguém nunca jamais me conhecerá como ela conhece. Percorre diariamente toda minha intimidade. Dona dos segredos mais vadios que me consomem, fita-me diretamente com seu olhar fulminante, surpreendendo minha dúvida sempre antes do banho. Vadia, estúpida, a odeio sempre que me coloca no ridículo, imagina-me despido, mesmo que nem mesmo eu tenha pensado no assunto.

Tem uma memória sarcástica. Esconde no fundo de sua estrutura meus segredos guardados a sete chaves. Não tem coragem de colocá-los à mostra em dias comuns. Somente em situações de desespero e angústia é que usa desse artifício penoso e sou obrigado a vasculhar tais segredos. Submeto-me ao desprezível e concedo seus desejos pela mais pura necessidade básica de um homem. É na escassez que ela me controla, pois oferece sempre a mais detestável de suas posses.

Nunca está contente, sempre quer mais. Dita modas. Caçoa dos meus excessos e mistifica o tempo. Sempre que penso nela, sei que mais um dia se passou.

Perversa, sedutora e diabólica. Mulheres de todo o mundo pagariam milhões para tê-la como companheira de confidências. Descobrir seus segredos, coisas íntimas que só eu e ela dividimos.

Entre quatro paredes, guardamos memórias fantásticas. De possíveis encontros, de possíveis aventuras, de possíveis descontroles que possivelmente eram imaginados antes das noitadas de sábado. Ela, vigorosa, já sabia de antemão o que estava por vir. Mas, se por acaso o acaso tornasse o simples complicado, ela logo saberia ao notar os rastros deixados pelas bocas, batons, unhas e perfumes da noite anterior.

À noite eu e ela dormimos em paz, lado a lado, ela mais vazia e eu mais feliz e confortável com algo que me dá prazer em roubar dela todos os dias.

A você, minha pérfida e maliciosa gaveta de cuecas, uma homenagem.

Monday, April 24, 2006

Peixes e Onças

"Senha", imagem oferecida por Ana Paula para a produção deste texto


A primeira vez que tive contato com este maravilhoso objeto da tecnologia, que possibilitou o fim das longas filas cansativas em zig-zag nos bancos e outros ambientes tão empolgantes quanto, foi quando "curtia" alguns meses de desemprego. Vivia às custas do governo por cinco meses, indo mensalmente à Caixa Econômica Federal sacar o dim-dim milagroso que nada tinha feito para conseguir, a não ser trabalhar num período anterior para uma empresa que, entre outras coisas, também batalhava pra conseguir uma porcentagem (mais gorda, claro) da mesma fonte, o governo.

A senha mágica possibilitava que eu me programasse com outros afazeres. Era sempre demorada, o que dava espaço para o almoço, uma compra de livro ou um planejamento intenso sobre qual seria o paradeiro da bufunfa que estaria na minha mão em breve.

2 horas e quarente a cinco minutos depois (exagerado), eu de volta à agência e meu número prestes a ser chamado. Quanta alegria! Que belo aparelhinho era esse!

E olhava para a farta oferta de poltronas, cheias de pessoas, com demandas parecidas com a minha ou não necessariamente. Pessoas que estava ali quando apareci da primeira vez e que continuavam ali, esperando, perdendo seu tempo como nos velhos tempos da fila zig-zag. Senti-me estranho. Estava eu fazendo alguma coisa errada? Ter tempo de sobra demais era um pecado, o que significava que eu deveria ficar ali como todos olhando as moscas do teto?

Por um momento senti-me diferente, no outro senti-me vivo e na saída pensei em tudo que ainda estava por vir. Finalmente, quando abri a carteira pra conferir os peixes e as onças, fiquei feliz.

Thursday, April 13, 2006

Santa Edwiges




Andando pela rua Irmã Serafina, em Campinas, pensando na vida e na Páscoa (ou melhor, nos ovos), dou de cara com uma menina, que devia ter lá os seus 13 anos com uma pilhazinha do papel sufite na mão.

Assustei porque não esperava ela que fosse me parar no meio da rua e me estender um daqueles papéis. Olhei pro papel, olhei pra menina, que sorria meio sem graça. Peguei o papel no reflexo, no impulso de acabar com aquela cena estranha logo.
Enquanto olhava o papel, cada um seguiu o seu caminho, a menina feliz com suas amiguinhas para baixo e eu com a inesperada bomba na minha mão.

Eis que na Semana Santa aparece ela novamente com suas mensagens de amor e terror ao mesmo tempo. Santa Edwiges. Sim, ela mesma!

Você a conhece?

Ela é Santa mais famosa das correntes. Ao receber uma carta sua a pessoa deve enviar a mesma carta para vinte pessoas pra ter muita sorte. Se não enviar, terá muito azar. Na carta constam exemplos de pessoas dos lugares mais inóspitos que não leram a carta ou ignoraram a mesma e se deram muito mal. Perdiam a mulher, o emprego ou até morriam.

Quando eu era criança, essas cartas apareciam debaixo na porta. Na dúvida, a família continuava a corrente, mas não eram vinte e sim dez cartas. E adivinha quem era incumbido de enviar as cartas para os "amiguinhos". Euzinho aqui da Silva. Escrevia as profecias da Santa dez vezes e enfiava debaixo da porta dos outros. Escolhia as casas das velhas chatas que não gostavam de barulho de criança e as casas de uma ou outra criança insuportável que tinha ali na vizinhança.

Tinha medo da Santa Edwiges. Mas o tempo passou e nunca mais vi a carta. Mudo de cidade e lá vem a Santa novamente, trazida pelos bons ares de uma menina inocente. Mas como eu sou mais sabido da profecia do que a menina, estou tranquilo. A cópia que era me deu era feita no computador e ainda por cima xerocada. Tudo que a Santa não queria. Por isso passarei o feriado sem me preocupar em passar a noite escrevendo os nomes daquelas pessoas que lá no século XVIII sofreram alguma mazela por causa da quebra da corrente.

O que? Você leu um pedaço da mensagem da Santa ali em cima? Não se desespere. A Santa não se atualizou ainda, nada menciona do mundo digital, nmuito menos dos amados blogs.

Tuesday, April 11, 2006

Start

Começo de uma nova experiência. Bom feriado!